A Marta é de Amora Seixal – Portugal e realizou SVE em Nis na Sérvia. Esta é a partilha da sua experiência!
Após três meses de voluntariado, continuo com o entusiasmo e a excitação da primeira semana. A Sérvia recebeu-me como se eu fosse de cá.Não foi preciso muito tempo até que a minha casa, no alto da colina, deixasse de ser casa, para se transformar em Lar. Nestes primeiros meses, vivi com duas colegas de casa, também elas voluntárias (da Eslováquia e França), que em pouco tempo passaram de colegas a amigas e pouco tempo depois, de amigas a família.É inacreditável como pessoas de países diferentes podem ter tanto em comum e tanto para partilhar. Por aqui já me cruzei com gente da Eslováquia, França, Itália, Alemanha, Inglaterra, Polónia, Dinamarca, Holanda, Espanha, Bósnia, Turquia, Macedónia, Estados Unidos, Rússia, e claro, Sérvia. E o lema ‘todos diferentes, todos iguais’ é um dos mais importantes na altura de viajar. Viajar ajuda-nos a conhecer aquilo que somos, mas também a compreender muito mais quem nos rodeia.No meu projecto SVE, trabalho em teatro com jovens sérvios. Ajudo-os a descontraír e a relaxar, a explorar o corpo e a imaginação e deixo-os improvisar sobre aquilo que eles acham que o país, mais especificamente a cidade de Nis, precisa de ouvir. A primeira performance superou as minhas expectativas e trouxe-me muita felicidade, sobretudo porque sei que estes jovens também ficaram muito contentes com aquilo que fizeram. Improvisaram em sérvio, numa performance realizada na rua principal de Nis, sobre discriminação de vários tipos (orientação sexual, religião, condições económicas, etc.). E estes jovens de 17/18 anos sabem bem o que dizer, sem ofender ninguém. Os jovens são o futuro, e mesmo sabendo que eu ainda sou muito jovem, estes jovens ainda mais jovens do eu, mostraram que sabem bem o que é o ser-humano e porque é que a discriminação é um dos problemas mais tristes do mundo. Agora sigo em frente com mais aulas de teatro, até à próxima apresentação. Primeiro vou falar com os meus queridos jovens para saber sobre o que querem apresentar à população, desta vez num espaço teatral fechado.
Por aqui, o Sol começa a despertar e a dar-se a conhecer. Eu digo-lhe ‘Dober dan!’ todos os dias, e espero que nos próximos tempos ele fique comigo e não desapareça. O Sol da Sérvia é diferente do de Portugal, mas foram só precisos alguns dias para gostar tanto deste Sol como do Sol do meu país. Já do país é outra coisa. É que por mais viagens e voltas que a gente dê, ‘O bom filho, à casa torna’ e eu que gosto tanto da Sérvia, no final destes seis meses hei-de voltar a Portugal muito feliz, e com um milhão de histórias para contar.